Rotas de Integração Nacional
A Estratégia Rotas de Integração Nacional visa enfrentar as desigualdades regionais no Brasil, um problema que se manifesta em um padrão histórico de desenvolvimento econômico concentrado, que gerou um contraste acentuado entre um litoral mais urbanizado e um interior com acesso limitado à infraestrutura e serviços.
A política foi criada para lidar com este problema por meio do fortalecimento de cadeias produtivas locais e, para este propósito, a tipologia da Estratégia Rotas deve observar o marco normativo da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), que estabelece que as ações e iniciativas devem ser direcionadas prioritariamente às microrregiões e municípios classificados como de baixa e média renda, independentemente do grau de dinamismo econômico, de modo a alinhar a Estratégia Rotas ao mapa referencial das desigualdades regionais estabelecido pela PNDR.

Entre 2020 a 2024, a Estratégia Rotas contou com dotações iniciais fixadas em R$ 144,6 milhões. Com reprogramações orçamentárias, os valores alcançaram cerca de R$ 168 milhões, dos quais R$ 118,6 milhões (70%) decorreram de emendas parlamentares individuais, de bancada e de relator. No período, a execução orçamentária totalizou R$ 142,0 milhões, com pagamentos efetivos de R$ 110,5 milhões, sendo 83% oriundos de restos a pagar. Para 2025, o orçamento fixado na Lei Orçamentária Anual (LOA) foi de R$ 239,5 milhões, um incremento significativo em relação ao período anterior.
O que o TCU Fiscalizou?
Em 2025, o TCU realizou auditoria operacional na Estratégia Rotas, que é sustentada orçamentariamente pela Ação 214S. A auditoria compreendeu a avaliação dos processos, produtos e a governança de formulação, implementação monitoramento e avaliação da política, bem como a análise quanto ao alcance de suas metas e objetivos.
A avaliação foi feita para integrar o Relatório de Fiscalizações em Políticas e Programas de Governo (RePP), que o TCU elabora anualmente e encaminha ao Congresso Nacional, para subsidiar a discussão orçamentária, em atendimento à Lei de Diretrizes Orçamentárias.
O quadro-resumo a seguir detalha a avaliação do TCU sobre o atendimento (sim, em parte, não e não se aplica) a questões relacionadas a qualidade da formulação, implementação e avaliação de políticas públicas.
Estratégia rotas de integração nacional


O que o TCU Encontrou?
O TCU identificou quatro achados na avaliação da estratégia Rotas de Integração Nacional.
- Na formulação da política pública, foram identificadas falhas como a delimitação insuficiente do público-alvo e a ausência de indicadores e metas adequadas. Embora o Termo de Execução Descentralizada (TED) 954379/2023, celebrado entre o MIDR e a UFPB, proponha melhorias baseadas na estruturação de um modelo lógico detalhado e na formulação de indicadores e metas, essas ações ainda não foram validadas pelo MIDR, o que compromete a capacidade de direcionar ações para resultados concretos, avaliar impactos e garantir transparência e equidade. Isso ocorre em virtude da ausência de um diagnóstico próprio e estruturado e da inexistência de um modelo lógico, que resultaram em dificuldades de articulação e coordenação entre os atores envolvidos. A ausência de indicadores inviabilizou o monitoramento do desempenho e a avaliação da eficácia da política, enquanto a falta de critérios claros para o público-alvo e de definição de controles internos impactou negativamente a gestão estratégica e operacional.
- Na implementação, foram constatadas falhas na institucionalização das instâncias de governança em virtude da ausência de portaria específica de instituição do Comitê Nacional das Rotas e do modelo de regimento interno para os comitês gestores locais, o que torna a política vulnerável à descontinuidade administrativa, à falta de uniformidade na implementação e ao não alcance dos objetivos.
- A Estratégia Rotas também não possui um sistema de monitoramento e avaliação (M&A) estabelecido e operacionalizado, o que impede a avaliação sistemática de seus resultados, inviabiliza a aferição da eficácia e efetividade da política e inviabiliza a prestação de contas e disponibilidade de informações públicas consolidadas. Essa lacuna compromete a tomada de decisão, limita a melhoria contínua e fragiliza a transparência e o accountability da intervenção pública.
- Por último, não há um processo de Gestão de Riscos e Controles Internos (GRCI) estabelecido e operacionalizado. Esse problema é atribuído principalmente à não priorização formal da estruturação da GRCI e à sua não inclusão explícita em instrumentos de suporte para melhoria da política, a exemplo do TED 954379/2023. Como consequência, a implementação de controles internos eficazes fica comprometida e a exposição a riscos aumenta, o que pode afetar negativamente o alcance dos objetivos da política e dificultar a promoção da melhoria contínua.
O que o TCU Decidiu?
O Tribunal expediu as seguintes recomendações ao MIDR:
- Adote as medidas para a plena institucionalização do Comitê Nacional das Rotas;
- Disponibilize no sítio eletrônico do ministério o modelo de regimento de comitê gestor dos sistemas produtivos e inovadores;
- Estruture as atividades de monitoramento e avaliação da Estratégia Rotas;
- Estruture as atividades de gestão de riscos e controles internos (GRCI) da Estratégia Rotas.
Relator: Ministro Jorge Oliveira
TC: 016.375/2024-6
Acórdão: 1.858-Plenário
Sessão: Ordinária de 13/8/2025
Unidade responsável: Unidade de Auditoria Especializada em Infraestrutura Portuária e Ferroviária (AudPortoFerrovia)
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