Resultado dos Regimes de Previdência mantidos pela União

Visão Geral

Os regimes de previdência administrados pela União incluem o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) para servidores civis, o Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas (SPSMFA) e o regime dos servidores da segurança pública do Distrito Federal, gerido pelo Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF). Em 2023, o déficit conjunto dos regimes alcançou R$ 428 bilhões, decorrente de receitas de R$ 638 bilhões e de despesas de R$ 1,066 trilhão, representando um aumento real de 9,1% no déficit em comparação a 2022.

Composição do Resultado Previdenciário

Fonte: RREO (dez/2023).

O aumento do déficit previdenciário em 2023 foi principalmente causado por um crescimento mais acelerado das despesas do que das receitas. Em termos reais, a arrecadação cresceu 4,6%, de R$ 610 bilhões em 2022 para R$ 638 bilhões em 2023. Já as despesas subiram 6,3%, de R$ 1,003 trilhão para mais de R$ 1,066 trilhão. Esse aumento nas despesas está ligado ao pagamento maior de sentenças judiciais e precatórios, ao aumento no número de beneficiários do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e à elevação real do salário mínimo em 2023.

Distribuição de receitas, despesas e resultado dos regimes previdenciários federais em 2023

Fonte: RREO (dez/2023).
  • RGPS: Em 2023, o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que atende aos trabalhadores do setor privado urbano e rural, registrou um déficit significativo de R$ 315,7 bilhões, o que corresponde a 73,7% do déficit total dos regimes mantidos pela União.

    Especificamente, a previdência rural apresenta desafios acentuados, com déficit de R$ 177,2 bilhões em 2023, um valor 37,3% superior ao déficit urbano, apesar de representar uma menor parcela dos benefícios totais emitidos. Simultaneamente, a previdência urbana enfrentou um aumento de 7,6% em suas despesas, refletindo as crescentes pressões financeiras sobre o sistema.
  • RPPS: O RPPS é responsável pelos benefícios previdenciários dos servidores civis da União e seus dependentes. Em 2023, o regime apresentou um déficit de R$ 54,8 bilhões, representando um aumento de 3,5% em relação a 2022. Esse regime é financiado por contribuições dos servidores ativos, inativos e pensionistas, com alíquotas progressivas que variam de 7,5% a 22%, e pela contribuição patronal da União. Recentes reformas constitucionais visaram melhorar a sustentabilidade financeira do RPPS-Civil, incluindo a criação de um regime de previdência complementar.
  • SPSMFA: O SPSMFA atende especificamente a militares inativos, pensionistas e seus dependentes. Em 2023, a receitas alcançaram R$ 9,1 bilhões contra despesas de R$ 58,8 bilhões, resultando em um déficit de R$ 49,7 bilhões. A cobertura das despesas pelo sistema foi de apenas 15,4%, refletindo a limitada capacidade de geração de receitas dentro do modelo legal adotado. Apesar disso, observou-se uma melhoria desde 2019, com uma redução gradual do déficit, que foi 1% menor em 2023 em comparação a 2022. Esse resultado parcial reflete a implementação das novas regras contributivas para pensão militar estabelecidas pela Lei 13.954/2019
  • FCDF: O FCDF, que administra a previdência dos servidores da segurança pública do Distrito Federal, alcançou o maior déficit dos últimos 14 anos, totalizando R$ 8 bilhões. Este aumento foi impulsionado pelo crescimento das despesas, que não foi acompanhado por um aumento proporcional das receitas, especialmente em termos de contribuições patronais.

Perspectivas e Desafios

Como se observa no gráfico abaixo, os déficits previdenciários continuam sendo um dos maiores desafios para a sustentabilidade fiscal do Brasil, consumindo uma parcela crescente do orçamento federal e limitando recursos para áreas essenciais como infraestrutura, saúde e educação.

Séria histórica do resultado previdenciário

Fonte: RREO (dez/2023).

A continuidade do aumento das despesas previdenciárias, impulsionadas por fatores demográficos, evidencia a necessidade de uma gestão eficaz, a fim de evitar o comprometimento da capacidade do governo de investir em outras áreas prioritárias.

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